segunda-feira, 16 de junho de 2014

Entrevista com a atriz, Melissa Paixão

Melissa Paixão

Mais um bate papo, agora com a atriz, Melissa Paixão,  para a série de entrevistas com o elenco do espetáculo "A Curra". Lembrando que a finalidade é levar um conhecimento mais amplo das delícias e dos percalços do teatro. 

01) Conte um pouco sobre sua origem.

Sou mineira de Belo horizonte, nascida e criada! Venho de uma família muito simples, mas muito amorosa. Frequentei e me formei no Colégio Estadual Santos Dumont.

02) Conte um pouco da sua trajetória profissional.

Na adolescência, trabalhei em uma galeria de arte e depois com telemarketing. Aos 18 me mudei para São Paulo e me joguei como hostess. A última casa que trabalhei foi no Restaurante 00. Paralelamente, sempre trabalhei como modelo e atualmente sou uma das modelos do estilista Walerio Araújo. 

A área de trabalho mais recente é a atuação em teatro.  Estou exercendo a atriz que existe em mim, mesmo sendo profissional em formação. Afinal, penso que para me tornar uma artista experimente preciso exercitar o ofício "in loco".

03) Quais as maiores dificuldades para se trabalhar com arte e cultura no Brasil?

Acredito que o que depende da gente é mais fácil, ou seja estudar muito, aprender mais e mais, reciclar, investir no crescimento. Mas o artista depende da plateia, daí, temos uma dificuldade maior. O público brasileiro de teatro ainda busca muito as produções estreladas por famosos. As pessoas se sentem mais seguras escolhendo o espetáculo cujo elenco tenha conhecidos da TV, do que se arriscando em outras opções.

04) O espetáculo "A Curra" mostra sérios problemas brasileiros, como a falência do nosso sistema prisional, a transmissão do HIV nas prisões, o descaso com os doentes, o preconceito explícito com os LGBTs presos. O que você sugeriria para melhorar este sistema?

Com investimento de recursos aliado ao avanço cultural e a educação, assim mudamos uma sociedade. Mudanças básicas que podem refletir no nosso sistema prisional, na assistência médica, em geral. 
Ensinar o respeito e conviver com a diversidade, no dia a dia, são maneiras de educação possíveis para se acabar com o preconceito. Digo isso por ser uma trans buscando reconhecimento, enquanto profissional e cidadã. 
Acredito também no desenvolvimento de projetos de inclusão social! Por que não colocar grupos LGBTs para cuidarem deste assunto nas penitenciarias, também?

05) Você acredita que nossas prisões deveriam ser, realmente, divididas por gêneros? Ou seja, respeitando o gêneros dos transexuais, de maneira que o que contasse fosse o gênero readequado e não o de nascença? 

Totalmente!... Isto seria uma grande diferença no convívio dos presos. É respeitar a dignidade humana sem interferência nos deveres dos presos, uma vez que não estaríamos dando regalias naquilo que se refere ao cumprimento da pena.

06) Você acredita que os LGBTs sofrem muito preconceito, também no trabalho com arte e cultura?

Sim, com certeza. Eu, particularmente, nunca tive nenhuma situação constrangedora, ainda! No Teatro Escola Macunaíma são todos maravilhosos. Mas, tenho medo.

07) Você acredita que o espetáculo "A Curra" tem uma função de responsabilidade social, a partir do momento que mostra como é importante que a nossa sociedade enxergue os nossos presos com a dignidade de seres humanos?

Sim! Acho que com a dignidade de cidadão! Alguém que foi julgado e cumpre pena. O importante é haver justiça quando se julga e se decreta uma pena. A pena deve ser coerente com a sociedade! Deve ser tão justa e satisfatória com o preso, quanto com a vítima do crime. Fiquei pensativa com a pergunta... Sempre há um detento que precisa estar distante da sociedade, até que se recupere, ou algum que está sendo injustiçado. Enfim, cada caso é um caso e a justiça é o que deve prevalecer. A justiça deve ser digna.

08) Vocês tiveram algum apoio dos setores ligados aos LGBTs para produzir o "A Curra"?

Sim!

09) Qual a sensação de ter o teatro lotado desde a estreia?

Para mim, que ainda estou estudando, poder mostrar um talento tem sido maravilhoso. Estou orgulhosa do grupo e do diretor que é uma pessoa muito querida!

10) Quais são os seus planos e desejos para o futuro próximo?

Me vejo na TV atuando como uma atriz qualquer. Não quero ficar presa apenas aos papeis de transgêneros. Quero mostrar que sou mulher e muito mulher!
Quero realizar o meu sonho de fazer um filme de ação com a Angelina Jolie (risos).

11) Há algo que a Melissa Paixão queira dizer para o público?

Quero agradecer a Revista Cliquish pelo espaço e a todos que têm ido ver o espetáculo. Um beijo muito grande para meus fãs, que me apoiam e sempre mandam palavras lindas de incentivo. Um beijo a todas as trans, travestis, crossdessers e afins do Brasil. Farei o máximo para mudar nossa imagem perante a sociedade. SEMPRE!

Por REVISTA CLIQUISH


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