quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Revista TRIP apoia a causa gay. Comprem!

VAMOS FALAR DE SEXO
Fonte: Revista TRIP

“Sim, há uma diferença” dizia antigamente um adesivo que reproduzia as figuras de um menino e de uma menina. Cada um olhava para dentro do próprio short, depois de uma espiada no interior do shortinho do outro. Ambos tinham no rosto uma expressão de espanto. A tal imagem, que habitava para-brisas de carros, álbuns de figurinhas e peitos de camisetas por toda a parte, não só revelava a ingenuidade que de alguma forma reinava, contrastando com a dureza dos anos 70, mas talvez também resumisse a ignorância e o raciocínio simplista vigentes até hoje quando se trata de sexualidade.
Não há “uma diferença”. São centenas, milhares, infinitas talvez. E ainda interpretando o que diz aquela aparentemente inexpressiva ilustração, a genitalização excessiva da sexualidade é algo tão tosco e reducionista quanto imaginar que a genialidade de um astro do futebol esteja depositada apenas na ponta dos seus pés.

A intenção desta edição da Trip é retomar um dos temas mais antigos e ao mesmo tempo mais urgentes e necessários, o enorme espectro de orientações, desejos, fantasias, hábitos e comportamentos que condensamos na expressão “diversidade sexual”. Nosso desconhecimento, nossas travas e a amplitude do potencial inexplorado são igualmente oceânicos, como se verá ao longo destas páginas. A sexualidade dos brasileiros, sempre tão falsamente lida como liberada e resolvida, é de fato estreita, reprimida e confusa. E não é muito diferente em quase todo o resto do mundo.
Vejamos o outro lado agora. Se nossa ignorância abissal gera preconceito, violência e sofrimento inadmissíveis (veja na matéria da pág. 76 nossa opinião sobre a urgência da criminalização da homofobia no Brasil), é também na visão otimista que fazemos questão de manter em tela, da mesma grandeza do que poderá acontecer em termos de evolução social, amorosa e sensual, quando conseguirmos nos livrar minimamente dessa ignorância, entendendo um pouco mais e melhor como funcionam nosso corpo, nossos sentimentos e nossa alma.
Essa é a nossa intenção legítima, ao produzir uma edição inteiramente dedicada a explorar de forma aberta e ampla a noção de diversidade sexual. Porque entendemos que isso será fundamental, se quisermos iluminar um pouco mais aquela que talvez seja a maior transição pela qual o mundo já passou.

Paulo Lima, editor

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